ANJO INACABADO


O espetáculo teatral “Anjo Inacabado” será apresentado simultaneamente em dois idiomas: português e espanhol. A escolha pela utilização da língua espanhola se deu por dois motivos principais:
1 – O Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica centra suas pesquisas de linguagem e suas construções estéticas no diálogo entre as materialidades dos atores em interação, do espaço cênico e dos elementos técnicos que compõem as cenas; considerando-se que a atriz que fará a personagem feminina é argentina, achamos acertado que ela trabalhasse em seu idioma natal. Por outro lado, a escolha dessa atriz para a personagem se deu pelo fato de que a atriz é cantora profissional e a personagem, segundo a nossa construção cênica, também o é;
          2 – Como se verá mais adiante, as personagens dos textos de Silvio Giovaninetti são movimentadas pela existência de um segredo indizível.

SINOPSE
          Há algo de indizível no diálogo dele com ela; um pintor animista e uma cantora/garçonete. Uma história que não se conhece, mas se conta, se sabe - de alguma forma se sabe. Uma possível morte entrelaçada a uma morte simbólica. Um anjo inacabado. Ela conta a história dele e o conduz nessa história entre o real, dele, o simbólico, deles, e o imaginário, dela. No dizer o indizível, rompe-se o tênue limite entre o querer e o responsabilizar-se por ter desejado. Se ela o leva a morte é talvez porque ao não acabar o anjo, o pintor a tenha matado antes.


SOBRE SILVIO GIOVANINETTI
Silvio Giovaninetti nasceu na Itália em 27/01/1901 e faleceu em 09/01/1962. Durante seus quase 61 anos escreveu peças de teatro, roteiros para filmes, novelas, criticas teatrais, entre outros tipos de textos literários.
Além de “O que não sabes (1946)”, peça de que se trata este projeto, Silvio Giovaninetti escreveu outras obras dramatúrgicas para teatro, tais como: “Sangue Verde”, “O Abismo”, “Homem”, “A Senhora de Belmonte”, “As Aventuras de uma Vara”, “O Último Romântico”, bem como assinou o roteiro do filme “Cronaca di um Amore” (1950 – traduzido para o português como “Crimes da Alma”) e a novela “O Paraíso Noturno”.
O trato temático do Autor para com seus textos dramatúrgicos considera os pensamentos e as fantasias das personagens como fatos reais e os desenvolve numa perspectiva trivialmente realista. Elabora-se, nesse sentido, uma interpenetração dos espaços do real, do simbólico e do imaginário na construção de ações ditas cotidianas.
 “O Que não sabes” (Ciò che non sai) é a primeira obra do autor após sua participação na Segunda Guerra Mundial e teve sua estreia no Festival de Peças Curtas (Ato-Único) de Milão. Essa obra marca o início do período de maior importância quanto às produções de Silvio Giovaninetti.
A obra de Giovaninetti é marcada por uma forte influência da psicanálise e da corrente estética realista, mas em profundo diálogo com o campo do onírico. A presença de construções irônicas e a atmosfera de angústia são intensas na produção dramatúrgica do autor.
As discussões temáticas de Silvio Giovaninetti perpassam um conflito entre as dimensões instintivas e as racionais das ações humanas, considerando-se que sobre as intenções individuais repousa uma responsabilidade moral, antes mesmo que se chegue a resultados materiais concretos.
As personagens dos textos mais importantes de Silvio Giovaninetti são estruturas complexas, vítimas de segredos indizíveis e de impulsos que contrariam o que elas mesmas julgam ser socialmente aceitável.

ORIGINALIDADE DA MONTAGEM NO BRASIL
Ainda que Silvio Giovaninetti tenha tido uma grande repercussão no teatro italiano do pós-guerra, e que seus textos tenham sido montados por grandes companhias de teatro da Europa e dos países de língua espanhola, no Brasil a obra do autor é pouquíssimo conhecida.
Ao realizarmos uma pesquisa sobre possíveis montagens dos textos do autor no Brasil, não conseguimos encontrar um grupo se quer que tenha se dedicado a alguma das obras do autor.
A importância do autor e da obra de que aqui se trata é evidenciada por uma publicação argentina de 1963 (Obras Maestras Del Teatro Moderno – Ediciones Losange / Editorial Amauta, em três Volumes), que reúne, segundo a Sociedad General de Autores de la Argentina, 30 dos melhores textos teatrais do Século XX.
A versão que utilizamos para a montagem do espetáculo está contida na íntegra (“Lo que no Sabes” – Tradução do italiano para o espanhol de Lucía Gabriel) na citada publicação; a tradução com qual a trabalhamos foi feita em parceria entre atores argentinos e brasileiros (Lucía Spívak, Juliano Casimiro, Elton Pinheiro e Bernard Nascimento).

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